Barragem vai ter casa das máquinas dissimulada no interior do monte para reduzir impacto visual da central na zona Património Mundial da Humanidade
Imagem virtual do final da obra |
O projecto de Souto Moura para a barragem de Foz Tua prevê o corte do monte para construir um edifício técnico que depois será tapado com rocha e terra, preservando ao máximo a paisagem do vale.
É uma solução inovadora que esconde por baixo do solo as zonas técnicas e sociais da barragem, apenas deixando à superfície as peças transformadoras. A EDP confia que o novo projeto irá agradar à UNESCO, não temendo, por isso, a desclassificação do Alto Douro vinhateiro como Património Mundial da Humanidade.
Para minimizar o impacto visual e integrar a obra na sua envolvente natural, Souto Moura desenhou uma solução parecida com a do Estádio Axa, em Braga, também da sua autoria. Será feito um corte de perto de 90 graus no monte para acolher o edifício de aproveitamento hidroelétrico e, depois, a construção será tapada com pedra e solo e serão plantadas oliveiras, mantendo-se, assim, o corte original do monte e a harmonia visual do vale. "O edifico está lá, tem é uma arrumação diferente do costume", explicou, ontem, no Porto, o autor do projeto. "Está dissimulado num bunker que minimiza o impacto do betão", acrescentou o vencedor do Pritzker 2011 - a mais importante distinção mundial de arquitetura.
O presidente da EDP, António Mexia, mostrou-se satisfeito com "este exercício, unanimemente reconhecido como de enorme qualidade", que "transformou uma coisa claramente intrusiva em qualquer coisa que está totalmente inclusiva". A obra deverá concluir-se em 2015.
Recorde-se que, em outubro passado, a empresa tinha convidado Souto Moura para minimizar os impactos da barragem de Foz Tua - inserida em parte na zona Património Mundial - depois de técnicos da UNESCO terem ameaçado com uma desclassificação. A experiência terá sido tão do agrado da EDP que todas as futuras casas de máquinas também serão encomendadas a vencedores do Pritzker, anunciou Mexia.
A solução caiu bem junto de alguns autarcas do Tua presentes na apresentação. "Prova que quando os desafios são grandes, mas a qualidade também é superior se conseguem excelentes resultados", disse Artur Cascarejo, presidente da Câmara Municipal de Alijó. José Silvano, ex-edil de Mirandela, gostou da solução e espera que se vá mais além, para "conseguir também integrar o paredão".
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